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Corpo-diário n. 2: PELE no acervo MAC/USP

Atualizado: 20 de dez. de 2022

Com enorme orgulho, fecho este ano de 2022, com a notícia de que a vídeo-performance PELE foi incorporada ao acervo do MAC/USP (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo).

O que é a pele que me veste? O eu termina nos limites do meu contorno visível?


Na vídeo-performance PELE, desenvolvida a partir de princípios (des)coreográficos do Butô, os limites entre pele e meio, dentro e fora, eu e não-eu, passado e presente, objeto e sujeito, ação e representação são borrados. A ação consiste em mover-me de dentro de, de fora de, com, contra, através de coisas que são aparentemente sentidas como externas, como o espaço, a luz e o som, a roupa, e, num espectro mais amplo, a minha própria pele.


PELE foi apresentada no ARTECH - FESTIVAL DE ARTE E TENOLOGIA (Braga, Portugal - curadoria Priscila Arantes) e inspirou a criação da performance CORPO AUSENTE (À noite eu choro) realizada com o artista César Meneghetti (live cinema) no projeto CLAREIRA 2021 MAC-USP, curadoria Ana Magalhães e Marta Bogea.


Esse trabalho nasceu no final da minha pesquisa de Doutorado “O corpo e os seus/meus vestígios” (2020, orientação Priscila Arantes, PPG Design – UAM) em que refleti sobre a função do corpo na performance como um espaço de passagem disponível para o acontecimento de eventos diversos, processo de que emergem objetos sem um corpo vivo mas com uma organização semelhante. Essa reflexão - fundamentada na ideia de Ma da estética Japonesa enquanto um espaço vazio porém cheio de potência - me levou a um entendimento de PELE que extravasa o olhar orgânico da epiderme.



PELE é tudo o que me rodeia. A porosidade, ou vulnerabilidade, como a sua principal força. Pelos poros da pele passam fluidos, informações – de fora para dentro, de dentro para fora... A pele nos liga ao meio, ao outro criando um espaço de passagem e troca, de relação. A Pele, nessa visão metafórica, pode englobar aquilo que eu visto, os tecidos que me escondem ou recriam, os meus gestos, posturas, os olhares que me vestem, as narrativas que compõem os meus contornos...



Foi a partir dessa ideia que diversos outros trabalhos posteriores foram desenvolvidos, como as vídeo-performances Carmen (2020 – acervo MARP, https://vimeo.com/401727375 ) e Toda mulher (Women Essence, Musa Arts Space, UNESCO, Roma, 2020, https://vimeo.com/401727375 , coletiva Women Essence MUSA ARTS SPACE / UNESCO, Roma, Itália), os objetos têxteis da mostra O livro do tempo (LUX Espaço de Arte São Paulo (2022, texto Sylvia Werneck e Camilla Marchiori) bem como a minha atual pesquisa sobre o texto como costura e a maquiagem como narrativa. Temas e práticas para 2023...

Para uma análise mais aprofundada da pesquisa, disponibilizo o artigo que escrevi para a revista DANZA E RICERCA do Departamento de Artes da Universidade de Bolonha (Itália): https://danzaericerca.unibo.it/article/view/11891

Desejo a todos um ótimo Natal e um ano de 2023 cheio de feitos e acontecimentos positivos, empáticos, solidários e construtivos!


Pele (vídeo-performance, 2019)

Christina Elias

Câmera e montagem: Karla da Costa @karlamvcosta

Vestido: Cecília Echenique @ceciliaechenique.wear


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