

Caixa de Música
livro-performance
CAIXA DE MÚSICA é um “livro-performance” que se constrói em tempo real a partir de conversas-performance, abertas ao público por via presencial e online, entre mim, Christina Elias, artista e coreógrafa, e o investigador e curador Manuel Furtado, sobre o conjunto de trabalhos de performance, instalação, vídeo e objetos que tenho criado de 2011 até a atualidade. O método de escrita desenhar-se-á progressivamente (assim como na performance homônima "Caixa de Música"), de maneira que cada encontro entre nós dois e alguns convidados dê forma a um capítulo da publicação, a assumir formatos múltiplos: texto, vídeo, podcast, fotografia… O conceito de "pós-memória", desenvolvido por Marianne Hirsch, é um dos eixos de reflexão do projeto, ampliando as leituras sobre as relações entre arte, memória, registro e subjetividade.

M(a)ind the gap:
conversa-performance n.0
Sobre (ou "por-entre"): meditação e dança, vazio e potência, texto e movimento, treino e performance, tempo e encarnações, música e desenho, Lygia Clark, Hijikata e Deleuze.
O que a quietude e o "borrar" da individualidade têm a ver com o processo criativo de uma dança que desabrocha em linguagens múltiplas: "gesto-palavras", formas geométricas invisíveis, desenhos que se imprimem em superfícies materiais como a tela de pintura ou a própria pele viva?
24 de Outubro de 2025

Here and There [or Somewhere Inbetween]
conversa-performance n.1
Sobre: geometria do corpo-espaço, deslocamentos do espírito, migrações, quarta dimensão, autoimagem e o olhar do outro, Laban, Bartenieff, Schopenhauer e Simondon.
A partir da projeção da video-performance HERE & THERE [OR SOMEWHERE INBETWEEN] (Christina Elias, 2011) para abordar “migrações” (passagens? defasagens?) que o estar vivo envolve - sejam estas pessoais, filosóficas, culturais, espaciais ou temporais.
27 de Novembro de 2025
artistas convidados:
CÉSAR MENEGHETTI é um artista multidisciplinar ativo em vídeo, instalação, fotografia, desenho, curadoria e documentário. Opera há mais de 30 anos em escala internacional realizando trabalhos voltados à questões sociais, políticas, culturais, ambientais, migração e inclusão exibidos em 47 países. Meneghetti recebeu 79 prêmios e é conhecido por projetos como "I/O", “K_LAB”, "BELOVED ONES", “MONTAGE”, “SEM TERRA” e "GLAUBER, CLARO". Seu trabalho é parte de coleções em instituições renomadas, incluindo o MAXXI de Roma e o MAC de São Paulo. Ele também participou de importantes bienais, como a 51°, 54° e 55ª Bienal de Veneza.
FRANCISCO BACCARO (1978) vive e trabalha em Lisboa. Artista plástico, é licenciado em Cinema pela Scuola Civica di Cinema; em Direção de Criatividade Sensorial pela Univestità dell'Immagine; e em Fotografia pelo Istituto Italiano di Fotografia, Milão. Na fotografia, dedica-se sobretudo à arquitetura, à vida quotidiana, ao retrato e às abstrações do dia-a-dia. O seu currículo inclui exposições em galerias e instituições culturais da Europa, dos Estados Unidos e do Brasil. Transita entre meios de expressão como a fotografia, a direção de fotografia para cinema, a vídeo-arte, a vídeo-instalação, a performance e a escultura. Paralelamente, realizou residências artísticas em contextos de confronto, como São Paulo e Jerusalém.

Fragmentos fonéticos de um (Si)
coversa-performance n. 3
Sobre: a (in)comunicabilidade do sentir, som-texto-movimento, surdez e escuta, o espírito, existência, Clarice Lispector, paixões, transbordamentos, esquecimento, culpa e amor
Clarice Lispector escreveu sobre os limites da linguagem e sobre o fracasso em expressar o infinito mar de sentimentos que tinha dentro de si. Os surdos profundos e portadores de deficiências auditivas vivem no seu cotidiano o desafio da insuficiência dos meios de expressão. Neste contexto, a linguagem da dança e do movimento, associada (ou invadida) pela palavra, gesto e som, tranforma-se num potente caminho para dar vazão a essas emoções que não cabem só nas páginas do caderno, nas vibrações de sons, nem só no corpo. FRAGMENTOS FONÉTICOS DE UM (SI) é uma performance interdisciplinar que se propõe a desafiar os limites da comunicação e da linguagem através da tradução do texto literário de Clarice Lispector para a Língua Gestual Portuguesa (LGP) e a sua posterior retradução em um potente léxico de dança e movimento.
12 de Desembro de 2025

Diários de um minuto
conversa-performance n.4
Sobre: a vida encaixotada numa tela, a existência limitada a um minuto, cotidiano e eterno, doméstico e etéreo, desejo e repressão, tempo e representação
"Diários de um minuto" é um projeto em progresso que propõe a construção de um arquivo digital online contendo uma série de vídeo-performances de curta duração criadas pela artista e coreógrafa Christina Elias de 2023 até o seu fim, seja na vida ou na performance. Nesses breves diários audiovisuais, em que o texto falado funciona como gatilho para uma narrativa visual de movimento, a artista dá forma a pensamentos, ideias, sentimentos, sensações, vivências e imagens durante anos descritos em cadernos físicos ou que simplesmente não chegaram a tomar forma de discurso, ficando suprimidos ou escondidos nos tecidos do corpo. Uma tentativa de concentrar em minutos, diversas páginas de um diário, diversos dias de uma vida. Entre 2013 e 2023, foram criados 15 vídeos desta série. Pretendo continuar a "escrevê-la" para o sempre da minha vida.
Convidado: Lucas Ferraro Nassif
22 de Janeiro de 2026
Lucas Ferraço Nassif é Ph. Doutorado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. É investigador do projeto ERC FILM AND DEATH e membro integrado do CineLab - Laboratório de Cinema e Filosofia, integrado no Instituto NOVA de Filosofia, e membro do Centro Português de Psicanálise. Realizador e montador dos filmes Betão Armado, Ser Chato e Teto Desconhecido/A Fera; e autor do livro Missing Links, publicado pela Barakunan, e premiado pela Associação de Investigadores de Imagens em Movimento [AIM] em Portugal como o melhor livro monográfico de 2023. Em 2025 o seu livro Inconsciente/Televisão foi publicado pela Becoming Press.

Carrying (in progress)
conversa-perfomance n.5
Sobre: Intimidade, vulnerabilidade e os limites nas relações interpessoais e sociais. O toque contínuo como metáfora para a resistência e negociação necessárias para sustentar conexões genuínas.
CAR(ry)ING é uma instalação de dança que investiga a criação de um "espaço entre corpos", onde imigração, diversidade e relacionalidade são exploradas através de uma perspectiva sinestésica, proporcionada pelo contato com o "outro". A partir do conceito de carregar (to carry) e cuidar (to care) do outro perguntamos: Como experimentar a existência além dos limites da própria pele? Podemos “co-carregar” o peso de corpos que se encontram, sem estabelecer liderança? O que significa mover-se juntos, como uma entidade interconectada? Como manter um toque contínuo sem que isso se torne uma invasão do espaço do outro ou do eu?
27 de Fevereiro de 2025
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Infinitudes: a performance e o fio
Conversa-performance n.6
Sobre: Simondon e defasamentos do prórpio centro(de novo), Schoppenhauer e a vontade, Platão e o engano do Feminino, Judith Butler e corpos materiais entre linhas, Ana Maria Maiolino, Thich Nhat Hanh e meditação andando, enfim - infinitudes.
Partindo do pensamento de Judith Butler segundo o qual “Mulher é o que foi excluído do discurso da metafísica”, continuo o meu projeto de escrever incansavelmente nas entrelinhas de um sistema narrativo determinado pelo masculino. O corpo passa a ser uma plataforma para o acontecimento de laços. Palavras se costuram a palavras num processo audiovisual de criação de discurso coletivo. Nós se amarram a sucessivos outros nós formando uma trança visceral que dá à luz narrativas, silenciadas, obscurecidas. Converso com pessoas amadas que já se foram, que de certa forma ainda estão aí. Converso com pessoas presentes em corpo na minha vida. Converso com pessoas que me inspiram, me ensinam, me guiam. Inclusive aquelas que não conheci em carne e osso, mas que estão em mim.
Ainda um emaranhado de fios. O fio se chama AMOR.
19 de Março de 2025
Convidado: Ícaro Ferraz Vidal
Ícaro Ferraz Vidal. Curador e Investigador. Graduou-se em Estudos de Mídia pela Universidade Federal Fluminense, é mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e em “Crossways in European Humanities” pelas Universidade Nova de Lisboa, Universidade de Santiago de Compostela e University of Sheffield. Atualmente realiza pesquisa no Programa “Erasmus Mundus Joint Doctorate: Cultural Studies in Literary Interzones”, na Université de Perpignan - Via Domitia (França). É pesquisador, ensaísta e curador independente. Fez a curadoria, junto com Hermano Callou, da “Retrospectiva Harun Farocki: Diante das imagens do mundo” (MAM-RJ, 2012), e trabalhou na equipe de programação do “Curta Cinema: Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro” (2013). Colaborou com os curadores Bernardo José de Souza e Michelle Sommer no âmbito da exposição “To see what is coming” (Largo das Artes-RJ, 2014) e com o projeto “Museu Encantador”, da artista e performer portuguesa Rita Natálio (MAM-RJ, 2014). Pesquisa as relações entre corpo, tempo, arte contemporânea e política, com publicações em veículos especializados na Europa e na América Latina.


Pele
conversa-performance n.7
Sobre: corpo-mídia, individuação, Fudô, a alteridade como estado de criação
O QUE É A PELE? Uma membrana porosa que nos conecta ao meio? Poderíamos pensar no estado performático como uma espécie de ação osmótica?
09 de Abril de 2026
Convidada: Christine Greiner
Christine Greiner é professora livre-docente em Comunicação e Artes pela PUC-SP. Ensina no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica, onde coordena o Centro de Estudos Orientais; e no curso de Comunicação das Artes do Corpo. Desde 1998, tem realizado estágios de pesquisa e pós-doutorados em universidades no Japão, nos Estados Unidos e na França, com apoio da Fundação Japão, do Centro Nichibunken e Capes/Fullbright, entre outras. É autora dos livros Corpos Crip, instaurar estranhezas para existir (2023), Fabulações do corpo japonês (2017), Leituras do Corpo no Japão (2015), O Corpo em Crise (2010) e O Corpo, pistas para estudos indisciplinares (2005), entre outros. Organizou 10 coletâneas de ensaios e foi curadora das exposições Primeira Pessoa (2006, Itaú Cultural), em parceria com Agnaldo Farias; Tokyogaqui, um Japão Imaginado (2008, Sesc-Paulista), Revolta da Carne (2009, Sesc-Consolação) e Hosoe, corpos de imagens (2010, Sesc-Consolação) em parceria com Ricardo Muniz Fernandes. Os temas principais de sua pesquisa são dança, performance, cultura japonesa contemporânea e filosofia do corpo. Compartilha com a professora e critica de dança Helena Katz, a concepção da teoria corpomídia.

Blindfolded Society
conversa-performance n.8
Sobre: cegueira social, comodificação do humano, vida precária, verdade e política, desespero e criação, José Saramago, Elena Almeida
Na sociedade atual, a incapacidade de ver não é apenas física, mas também moral e ética. Uma sociedade vendada e à venda. Vendem-se as rotinas, as privacidades, as intimidades, o corpo, as crenças e até a alma.
21 de Maio de 2026
Convidada: Sofia Neuparth
Amante do movimento, fez suas primeiras tentativas em dança foram com Teresa Rego Chaves e Anna Mascolo. Tem formação em dança clássica com o mestre Tony Hulbert. Aos 18 anos começou a ensinar dança e a estudar filosofia, anatomia e fisiologia. Durante 6 anos, fez estágios em Londres, no “The Place”, e noutras escolas de dança contemporânea, onde teve a oportunidade de desenvolver trabalhos com artistas como Robert North, Kazuku Hirabayashi, Lloyd Newton ou Karen Burgin. No final da década de 80 esteve no European Dance Development Center, em Arnhem, Holanda, onde lecionou por Mary Fulkerson (Mary O’Donnel), então co-directora da escola. Além da experiência como professora de grupos de alunos vindos de toda a parte do mundo, teve ainda oportunidade de estudar com Eva Karckzag, Simone Forti, Steve Paxton, Martha Moore, Peter Hulton, Jim Fulkerson, Sally Silvers, Mary O’Donnel, Bonnie B. Cohen, Aat Hougeé e Lisa Krauss. Também no final dessa década plantou as estruturas sobre as quais se desenvolveu o que é hoje o c.e.m – centro em movimento, um organismo que se dedica à formação e investigação artística, à criação e experimentação bem como a práticas de geração de comum com pessoas e lugares, sempre a partir da escuta do Corpo e do Movimento.

A teoria da água
coversa-performance n. 9
Sobre: fluidez, transbordamentos, trocas, nascer, assumir diferentes formas, escorrer para fora da pele
Como a experiência sensorial bem como a imaginação da água - a sua densidade, sensação, percursos, fluxos, ritmos e conceitos - podem fabular uma “prática de
ser” do Humano, não como uma existência separada do meio, mas como parte de um todo maior. O corpo como um instrumento de erosão de padrões sociais e culturais. 25 de Junho de 2026 . convidada: Margarida Agostinho
Margarida Agostinho
A sua trajetória artística conta com várias participações e criações coletivas. Em
2003, integrou a Zona Z, a zona de criação artística do c.em. No ano seguinte, fez
parte da criação em dança “mmm – um poema físico”, de Sofia Neuparth, e, em
2009, co-criou a intervenção “Espaço e Escrita” no Festival Pedras d’Água, um
trabalho que levou a escrita e a atmosfera a diversos pontos da cidade de Lisboa.
Faz parte da banda “Adufe & Alguidar” que em 2024 lançou o álbum “Quem canta
um canto acrescenta um tempo” e tem participado em concertos um pouco por
todo o país. Dedica-se também à transmissão do canto e do toque do adufe, como
modo de activar acessos a uma expressão própria, a partir dos cantos e toques
tradicionais. Também em 2024 lançou com o c.e.m o Audiobook Andar, Poisar,
Pensar – Andar, Poisar, Pensar, Audiobook de Margarida Agostinho 2024, a partir detextos selecionados do blog que começou em 2020 – escrever na rua –
escrevernarua.

O corpo e os seus restos
conversa-performance n.10
Sobre: performance, objetos, registo, reescrituras, reperformances, atualizações e recriações
Aquilo que o corpo cria. Objetos invisíveis. Coreografias imóveis. Trânsitos entre ação e materialidade. Performance e exposições.
Convidada: Cristiana Tejo
16 de Julho de 2026
Cristiana Tejo (Recife, 1976) é Doutora em Sociologia (Universidade Federal de Pernambuco), investigadora integrada do IHA da Universidade Nova de Lisboa e foi investigadora do projeto Artistas e Educação Radical na América Latina: Anos 1960/1970, coordenado por Giulia Lamoni. Sua tese versou sobre a gênese do campo da curadoria de arte no Brasil e nos últimos anos tem desenvolvido pesquisas sobre práticas artísticas e curatoriais a partir das perspectivas da decolonialidade e feminismos e os trânsitos culturais entre Brasil e Portugal. É co-fundadora do Espaço NowHere Lisboa e curadora das residências artísticas do Hangar. Foi cocuradora da exposição ÉBonita a festa, pá, no Ciclo da Bienal Internacional de Cerveira, em 2024 e do 37º Panorama da Arte Brasileira, MAM-SP. Foi curadora de Artes Visuais, coordenadora de Programas Públicos da Fundação Joaquim Nabuco (2002-2006/2009-2011) e Diretora do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães. Foi advisor das exposições Resistance Performed – Aesthetic strategies under repressive regimes in Latin America curada por Heike Munder (Migros Museum, Zurique, 2015) e Condemned to be modern de Clara Kim (Los Angeles Municipal Gallery, Estados Unidos, 2017). É organizadora do livro Paulo Bruscky: Arte e multimeios e coautora do Guia do Artista Visual, lançado pelo Ministério da Cultura do Brasil e UNESCO, em 2018. Vive e trabalha em Lisboa.
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christina elias
Artista multidisciplinar. São Paulo, 1978. Vive e trabalha em Lisboa.
Seu trabalho transita entre dança e as artes visuais. O corpo é um túnel pelo qual diversas linguagens passam: dança, texto, vídeo, som. A ideia de "passagem" informa a sua pesquisa e prática: a passagem do tempo, o perecimento do corpo, a "passagem do e no espaço" enquanto deslocamentos geográficos, culturais, sociais ou migrações do eu para outros não-lugares. MASTER OF ARTS em Estudos de Movimento pela Royal Central School of Speech and Drama (Universidade de Londres). DOUTORADO em Design pela Universidade Anhembi Morumbi São Paulo. Pós-Doutoramento em Comunicação e Semiótica – Pontifícia Universidade Católica-PUC-SP. Realizou diversos projetos solo e relacionais em museus, galerias e festivais no Brasil e na Europa e recebeu prêmios relevantes como FUNARTE MULHERES NAS ARTES VISUAIS e Aldir Blanc - PROAC por HISTÓRICO DE CARREIRA.
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manuel furtado
Manuel Furtado é bolseiro FCT – IHA e está a fazer o seu Doutoramento em História da Arte Contemporânea na NOVA FCSH, é Mestre em Belas-Artes (Central Saint Martins) e licenciado na mesma área pela Coventry University. Foi o director artístico da Galeria MUTE durante 5 anos (muteart.org) e líder da equipa curatorial do FACTT (Festival de Arte e Ciência Transnacional e Transdisciplinar). Pertenceu ao corpo docente da Escola Arte Ilimitada de 2011 a 2017.

